sussurros ecoantes

E se não formos médicos ou advogados se não realizarmos nossos sonhos até os quarenta? Iremos envelhecer sentados na cadeira balanço, alheios ao mundo e renegados pela história. O futuro não se lembrará de nós. Talvez sejamos vívidas memórias na existência de nossos filhos e uma reles lembrança na alma de nossos netos. Entretanto, eles jamais verão como foram nossos rostos jovens, jamais ouvirão nossas preces desesperadas ou sentirão nossas dores dilacerantes, jamais saberão dos nossos primeiros amores, dos primeiros beijos, ou dos primeiros anos de nossa tão curta passagem pelo universo. Não saberão da breve calmaria que encontramos um no peito do outro e da tempestade que logo se seguiu e nos afastou. Será que ainda lembraremos um do outro nas manhãs quentes de verão, enquanto o sol aquece nossa face enrugada, ou terão os dias apagado nossa tão intensa e visceral paixão? O tempo continuará seu curso inexorável em direção ao eterno e nós não seremos vozes que para sempre ecoarão, mas sim efêmeros sussurros que se perderão e jamais serão ouvidos novamente. E depois? O silêncio eterno.

Marcos Amorim
Enviado por Marcos Amorim em 29/03/2017
Reeditado em 31/03/2017
Código do texto: T5955819
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