De mim a mim "esmo"

"Eu andei me bastando, por assim dizer

Eu, que nada fui, nada fiz, nada pude me

SER.

Criada, acomodada, contente

Desdobrei-me a tantos outros, de repente

E escolha nenhuma tive,

Senão bastar-me.

Bastar-me a tempo, espaço, dor e catatonismo

Dentro e cada vez mais funda,

Num abismo...

Custei a perceber que bastar-se a si mesmo

É cansativo demais para peitos como o meu

Chagados e míseros, num amor a esmo.

Descobri que no fundo do abismo a gente se acomoda

Se deita em posição fetal, enlouquece

Dá risada do nada, sorri e se embola

Sem saber que o fundo é auto-confrontamento

Aqui somos eu versus eu

Sem tirar, pôr ou trocar

Sem jogos, asas ou extremos

Aqui sou eu. Só eu.

Por inteiro.

E nunca, nada nesse universo, me confortou mais."

Louise Christine
Enviado por Louise Christine em 21/03/2017
Código do texto: T5947356
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.