Desejo do autor

Arregimentam-se palavras para dar colorido às idéias. Para torná-las concretas. Cérebro em posição de sentido. Alerta para buscar dentro de uma biblioteca pobre e pouco usada palavras dignas dos pensamentos mais criativos.

Quem sabe em algum livro velho seja encontrada uma pérola literária capaz de tocar fundo o coração dos leitores. Aquela frase, poesia ou trecho de texto que leitores entenderiam perfeitamente e que, ansiosos, gostariam de dividir com outras pessoas, com o autor do texto, dizendo para ele que encontraram a chave, entenderam a mensagem, como se esta fosse um segredo, e que só os escolhidos entenderiam. Teriam a vontade de dizer que: “sim, nós fazemos parte desta confraria, desta sociedade secreta das pessoas para quem foi dirigida a mensagem”, como se ela fosse inteligível para os demais. Criptografada para os bárbaros.

Criar–se ia (o “criar-se ia” agradeça ao corretor do Word) uma cumplicidade com o leitor, a harmonia das almas gêmeas, um pacto de sangue. Desculpem, eu me entusiasmei – tocar as almas das pessoas, achar Deus na humanidade de cada um é só o que quero. Está certo, reconheço que não é pouco, mas o que procuro como leitor é o que me faria feliz entregar como autor.

Como se todas as mentes tivessem a possibilidade de ligação e fosse aberto um link entre elas. Lembre-se como é gostosa a sensação de ir buscar alguma coisa na memória e encontrar o caminho.

Talvez seja preciso comprar novos livros para a biblioteca, talvez seja preciso revisitá-la mais vezes, mas creio que a vontade de produzir vem como um trem sem freio disposto a mostrar a cara.

Próxima Estação: Seus corações. O embarque é livre. Boa viagem.

(CWB, 28/03/2007)