SENTINDO O AMOR

Quem ama não tem ego inflado. Devagarinho o amor vai aparando as arestas do orgulho, destronando o amor próprio, transformando mágoas, demudando certezas, bagunçando sem dó nosso eu todinho

E assim ele vai, esse amor inesperado, mas desejado, percorrendo regiões arrasadas da alma, pacientemente reflorestando uma a uma, dissipando névoas, mostrando o sol e, sem disfarces, expondo a realidade que assume com humildade. Esse amor traz aragens suaves que a alma fazem chorar, fazem sorrir, fazem cantar...

É um amor que faz desejar uma tormenta só para ver depois o sol novamente brilhar no céu azul... É esse Amor que nos ensina a perdoar com o esquecimento, que nos humaniza e nos lembra que também precisamos ser muitas vezes perdoados a começar por perdoarmos a nós mesmos. Esse amor escusa julgamentos e perdoa, porque abrange virtudes e limitações nos aproximando do nosso eu e nos lembrando de quem somos.

O Amor nos transforma por inteiro. Ele nos faz esquecer que existe o tempo. Para que contar as horas, fazer contas e outros afazeres tais? Sutilmente nos mostra e faz sentir preciosidades que nem víamos e que tomam o nosso coração e vai moldando o nosso ser para acolher e aceitar com liberdade, mesmo o que nos pareça inesperado, insonhável, infalível, ou desagradável.

O Amor nos faz querer ser e também querer sinceramente que os outros também sejam, nos tornando mais sensíveis à alegria e à dor de todos e às nossas fazendo parte da família humana, como o disse Jesus. O Amor nos mostra que tudo o que desejamos e procuramos e nunca encontrávamos, sempre esteve ali, bem perto de nós o tempo todo. E assim ele nos reinventa a cada dia, para que nos tornemos parecidos com nós mesmos ainda que com nossos medos, dúvidas e angústias.

Enfim, o amor nos vira pelo avesso, dia após dia, devagarinho, com carinho...