cão sem dono
eu me suicido
pela busca desenfreada
da humanidade
o início e o fim se convertendo
na mesma espiral sórdida
do tempo.
nossas vidas são tão vazias
quanto a fraca iluminação
das ruas
tudo nos quebra,
tudo nos agride,
como uma casca de ovo podre
jogada no lixo.
somos todos carentes,
de uma forma
ou de
outra
e, ao pensar que estamos
escondendo esse fato,
ficamos expostos.
alguns de nós procuram sexo,
outros procuram multidões
alguns procuram arte
e outros até procuram sonhos.
precisam de algo que deem sentido
a suas vidas
algo que os complete
tire isso deles e não restará
nada além
de uma caixa de ossos
e eu observo calmamente,
junto com as paredes,
os grilos
e a solidão,
como uma aranha observa a mosca
eu me suicido pela busca
desenfreada
da humanidade,
porque a vida é uma enorme procura
por algo que nem se sabe
o que é.