cão sem dono

eu me suicido

pela busca desenfreada

da humanidade

o início e o fim se convertendo

na mesma espiral sórdida

do tempo.

nossas vidas são tão vazias

quanto a fraca iluminação

das ruas

tudo nos quebra,

tudo nos agride,

como uma casca de ovo podre

jogada no lixo.

somos todos carentes,

de uma forma

ou de

outra

e, ao pensar que estamos

escondendo esse fato,

ficamos expostos.

alguns de nós procuram sexo,

outros procuram multidões

alguns procuram arte

e outros até procuram sonhos.

precisam de algo que deem sentido

a suas vidas

algo que os complete

tire isso deles e não restará

nada além

de uma caixa de ossos

e eu observo calmamente,

junto com as paredes,

os grilos

e a solidão,

como uma aranha observa a mosca

eu me suicido pela busca

desenfreada

da humanidade,

porque a vida é uma enorme procura

por algo que nem se sabe

o que é.

Arthur Rabelo
Enviado por Arthur Rabelo em 07/02/2017
Código do texto: T5904901
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