Sozinho.

Sozinho, me balançando na cadeira, relendo minhas fotos, estudando o próximo passo friamente calculado. A agua ferve, um terço da caneca d’gua dá pra mim. Passo o café, só se suja uma xícara. Só se lava uma louça, só se vive uma vida, doa se por inteiro. Estou a procura, do quente e forte abraço, do pé gelado embaixo da coberta, do sorriso, a toa por besteira, de me vender a troco de um beijo. Sua matemática perfeita, que transforma um colchão de solteiro em um pais inteiro. Podia ser a gente, mas você visualiza e não responde. Sozinho, acordo tarde, durmo cedo, vivo menos. Sem parâmetros, vagamente tento viver, sobreviver, encarar tudo de novo, tudo novo. Acreditei em você, faltou foi sinceridade, força de vontade, de amar demais pra esquecer, me machucar sem querer. Me resumo nisso mesmo, poesias mal feitas, autônomo, vivendo no automático, encarando mal os fatos, esquecendo a mochila, o tênis de corrida, a roupa na chuva, e meus pedaços para traz.

Rafael Calandrin.