A Dor ia...

A mancha cinza do progresso foi avançando e cobrindo todo vestígio de vida. O que será de todo o verde? o amarelo dos girassóis, como veremos? e o vermelho do lindo ipê, morrerá? Onde buscarão refúgio? Quem sob ela reside, tornou-se escravo físico e mental de sua rotina. Com isso, o homem ceifou as cores primeiras.

Quando a grande mancha fosca já se fazia dona de quase todo perímetro: levantaram-se homens e mulheres que como magos, possuíam a capacidade de devolver a vida, atenuar e aquecer o cenário sombrio e frio do ambiente. Para a monótona e escura avenida, eles trouxeram a altivez amarela do mais brilhante sol. Na parede desbotada do galpão abandonado, é onde o azul do mar hoje mora. Através das cores primárias, surgiu uma explosão de novas cores, e na arte, a cidade sobrevivia.

Então não mais o homem, e sim um homem, apareceu pretendendo extinguir também as primárias. Em becos e locais mais distantes, escondidas, as cores ainda se mantém: amedrontadas. O cinza que também conseguiu encobrir o azul do céu, prenuncia que está perto o dia em que todas as outras cores serão extintas, e sua soberania se confirmará.

John Canere
Enviado por John Canere em 28/01/2017
Reeditado em 02/11/2017
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