CASA DA VÓ ZUMIRA (MINHA INFÂNCIA, TUA INFÂNCIA)

Nas calçadas altas da minha infância

eu pulo feito moleque na terra da vida

Tiro a casca da ferida adulta e me jogo

Numa ciranda de pensamentos e partidas

Varandas largas e punhos de redes

Salto e agacho para poder passar

Só não passará a lembrança da minha família

E do resto do povo todo do lar

Vó tios e tias reunidos

Pai e mãe me ensinaram a amar

Galinhas e milhos, caldos e farinhas

Deus nos livre se um dia faltar

Quando lembro de tudo isso e escrevo meus versos

Não tenho medo de arriscar

Que trocaria tudo no mundo se um dia

Por um dia eu pudesse "praquele" tempo voltar

Mas me aquieto suspirando e sabendo

Que todo meu pensamento é difícil realizar

Por conta do presente do tempo

Onde o passado eu não posso pisar

Deito calmo e adormeço

E rezo pra poder sonhar

Com tudo aquilo que me trouxe o vento

O mesmo vento das calçadas de lá