Espiral

Ando por estas ruas não tão iluminadas para encontrar cores não tão iluminadas.Cores estas sem nenhum sinal de destaque.Nenhuma diferença entre as próprias.Nenhum sinal de vida.

Cores tão coloridas quanto o cinza.O chato e monótono cinza.Um cinza tão forte e presente capaz de me cegar a minha visão e acobertar as verdadeiras cores.Cinza este que preenche a maioria das estruturas as quais vejo.Estruturas repetitivas.Não importa a direção que tomo,pois os mesmos contornos são presenciados novamente.Adentro o caminho da esquerda e os contornos iguais me perseguem como um assassino desesperado.Adentro o caminho da direita e a diferença é praticamente nula.Não adianta voltar.

É como se eu estivesse em um espiral.Não importa a direção que eu seguisse,eu acabaria andando em uma só.Uma única direção até o fundo.Um fundo povoado pelo cinza.

Tento pedir ajuda.Procuro alguma atenção das pessoas ao meu redor com o intuito de curar esta loucura pela qual passo.

Infelizmente,os seres ao meu redor não são pessoas.São apenas manequins tão coloridos quanto os prédios deste espiral.O mesmo cabelo,as mesmas roupas,as mesmas vozes e o mesmo jeito de falar.O rosto deles era tão limpo quanto um céu sem nuvens.Não havia um pingo de personalidade neles.Todos faziam a mesma coisa,ao invés de fazer algo que era da vontade deles.Faziam a mesma coisa apenas para serem aceitos em seus círculos.Prefiriam se encaixar em um molde pronto do que fazer um desenho à mão das suas próprias formas.

Eis o comportamento dos habitantes do espiral da mediocridade.Pensam estarem vivendo em um mundo perfeito,mas não fazendo nada mais que copiando uns aos outros,tanto em desenho quanto conteúdo,e suprimindo suas verdadeiras vozes para obter um patético lugar em um espaço absolutamente monótono,constante e sem cor.

A palavra ‘’escapar’’ não é familiar para os ouvidos aqui presentes.Todas as direções tomadas levam à uma só.