Cutucou a Cobra Com Vara Curta

Fuçou, até que encontrou jeito de fazer um furinho na bolha, e por ele, com o terceiro olho pôde bisbilhotar fora de como seria viver sem participar daquilo. Relação a dois viciosa que nunca tinha dado lastro com o que sempre aspirou para viver e deixar viver.

Relacionamentos para partilha do afeto. Todos prezam como melhor caminho para viver o amor. Nos anos, a sinceridade do espírito, dando o feedback, não manifestava diferente do fato de que nunca tinha valido a pena para seu “Nincas” a subordinação da vontade própria àquela pedida na relação. O fluxo da paz e estado de felicidade interior resta preterido.

Olhando dali de dentro da bolha, via à distância caminhando, espíritos livres das determinantes que agrega pouco a pouco na psique da dupla. O par, alvo do cupido, cujas partes resolveram coabitar num mesmo teto, quando no arregimento de obrigações e responsabilidades, num verdadeiro desenho artístico sinistro, são induzidos a fisgarem a isca, levando as almas por si mesmas ao aprisionamento das suas mentes.

Quando caem na armadilha, acordam para o fato de terem seguido a ideologia perversa da realização do estado de felicidade a dois, num estado contínuo e permanente de tempo que não levou em nada.

Via, que os solitários, que decidiram não se arriscarem nesta empreitada, caminhavam com semblantes libertos do elogio e das reprovações, nada esperavam, a vista dos mesmos, sempre dirigidas para o horizonte, tinha a solidão colorida da dignidade estampada, expressavam estarem intocados nela.

Resolveu pegar uma lupa, queria ver mais de perto o que irradiava dos caminhantes fora. A tradução do aumentar do “zoom”, foi o fato de não ter encontrado resposta se estes solitários eram felizes. Mas naquela imparcialidade de comprometimento que gritava pelos poros, deduzia que se fossem desta para outra, pouco tinham a perder.

Abandonou a lupa, dirigiu seu olhar para as nuvens, soltou a imaginação: “E os celibatários? outros que vivem do exorcizar seus instintos e emoções do corpo? ou aqueles que negam o amor, abandonando a aventura, vivem em outros paredões da alma.. e daí!! E daí??!!

Pegou uma bala, levando a boca, passou sentir a doçura deste momento, todo seu, integralmente. Saiu de lá, continuando seus afazeres.

Márcia Maria Anaga
Enviado por Márcia Maria Anaga em 15/01/2017
Reeditado em 15/01/2017
Código do texto: T5882901
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