QUEM ABANDONA NÃO VAI EMBORA (Abandono é quando o barco parte e você fica—Sandra Regina).

Hoje me senti o Maior Abandonado da canção do Cazuza, procurando me apoiar em alguém. Como alternativa, estou perdido, porque é conveniente, ainda estou me adequando a uma nova situação em que muda sempre as regras e condições, é assim todo final de dia na escola.

“Migalhas dormidas do teu pão

Raspas e restos

Me interessam

Pequenas porções de ilusão

Mentiras sinceras me interessam

Me interessam...”

E devo também considerar que na quarentena, eu perdi alguns aspectos de mim mesmo. Talvez seja o caso de ter que me recompor em outra quarentena. Muitas vezes, a vida parece uma viagem em círculo e torna-se confusa como se ela não me levasse a lugar algum. Eu não vejo opções ou não tenho a capacidade de saber o que fazer. Tenho sentimentos de isolamento, e meus movimentos não estão conduzindo ao progresso; tanto no campo profissional, relacionamento ou valores pessoais. Será se isso é apenas por minha incapacidade de ver onde uma escolha me levará, se eu fizer isso ou aquilo? Quero ser desencorajado à inutilidade. A minha inércia mental também enfraquece minha capacidade comunicativa, especialmente agora no pós-pandemia, pré-submetendo-me a julgamentos motivados pela emoção de quem não tem razão e ainda está doente. Sinto um misto de medo e curiosidade. Mesmo assim, essa homogeneidade circunstancial sugere que estou aberto a ouvir uns e outros e ainda considerar diferentes pontos de vista, sou um filósofo da vida. Nada é perder tempo, tudo é aprendizagem. QUEM ABANDONA o amigo, antes já quebrou a amizade.

Eu sempre desisti de alguma coisa para obter outra melhor. Deixei de lado os prazeres e o tempo livre das noites de sábado para me preparar e dar boas aulas. Deixei de lado a diversão passiva da televisão para manter meus olhos nos livros. Abandonei os meus amigos que preenchiam meu tempo para alimentar a alma com o silêncio da solidão. Abandonei os membros da minha família que ainda acreditavam em mim! Desisti de outros empregos onde teria outras oportunidades de melhoria financeira para ser um bom professor. Por isso digo, por não serem mais interessantes para mim, foi que os abandonei! Eram vínculos vazios, sem amizade alguma: Quando precisarem de mim, eles voltarão: os prazeres, as diversões, os amigos, as farras, a família! A vida é cíclica! Logo eu os procurarei novamente, ainda que, desde já, lhes garanto que não será para sempre! A troca de posição também nos dá conhecimento.