cocozinho

Se o vento estiver forte demais, mesmo assim lance teu avião de papel. Mar calmo nunca fez bom marinheiro, é o que dizem. E vão dizendo, e tu vai lançando mesmo assim, improprio, sem rumo, sem copiloto. Te vira, já está grande. Vai ser legal eles disseram, venha também, eles disseram. E eu fui. Porem só. Voei, sem conhecimento, se cai, fiquei mais sábio. Insensato não morro mais. Todos que te botaram medo, todos que disseram ter a razão, nunca chegaram nem perto, ao que se tornou. Quebrado, destruído, com pensamentos suicidas talvez, mas ciente, que se dedicou, que não fez em vao, que marcou presença. E agora, não importa mais, não mais. Resumiu, o que poucos tentaram te explicar, os poucos sobreviventes me disseram, faça por si só, jamais pelos outros. Sem egoísmos, sem negar ajuda, ajude com o que pode, não com tudo o que tem. Uma vez me perguntaram, se merda, passada fresca na boca, dá infecção. Estranho não? Mas estranho mesmo foi minha resposta: ‘‘Se a merda é tua, talvez, mas se é terceirizada, dá infecção, e vai virar moda.’’

Rafael Calandrin.