Falando com meu coração
Aparecida Linhares
Serahnil

Entrego-me sem culpa ou pudor aos desmandos que você coração pensa que conduz-me cegamente. Vejo muito bem, finjo que não. Tiro as vestes que cobre a nudez da minha alma e momentânea despojo-me da sensatez, deixo fluir, são boas as essências e eu gosto de caminhar sobre a estrada colorida, ladeada por girassóis que você me apresenta como o caminho do sol.
Abarca-me a sensação que me faz liberta, sem as amarras do politicamente correto. Tem sido assim, desde que você "pensa" que tomou as rédeas da minha vida, da minha razão. Não dou-lhe stop, deixo que indique a direção que quer ver-me a segui-lo. Às vezes lhe dou um pause e reflito um pouco, um teste, checando se tenho o meu controle absoluto sobre você, que parece uma criança quando ver algodão doce. Demoro a atender os seus desejos e assim, confirmo satisfeita que sim, quem comanda sou eu o meu coração avoado! Não pretendo torná - lo frio e insensível, só o quero menos amante incondicional, não o quero triste por deixá-lo dono absoluto da situação pintando e bordando de portas abertas... É a minha situação que está "em suas mãos" quando abres a porta sem pesar as consequências, sou eu que arrumo a bagunça feita. Dou-lhe liberdade vigiada, pois é tênue a linha entre sermos felizes ou infelizes.
Não pretendo lamentar por perder o que nunca foi meu, sem ter a menor chance de vir a ter um dia. Por isso dizem: "cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém", veja com os meus olhos que as estrelas brilham, são lindas e inatingíveis.
Deixo que liberto pulse ansioso, animado, às vezes descompassado. Eu estou pronta para os nossos desencantos. Deixo que seja feliz e faça-me... Mas não permitirei que guie-me para uma trilha cheia de pedregulhos, que de antemão eu sei que podemos nos machucar. Por isso, enquanto caminhas puxando-me apressado, eu já sei para onde vamos... Se devo ir.
Saltite, alegre-se o quanto queiras, acaricie-me com os pequenos mimos que faz-me ri, contudo não esqueçamos que juntei seus pedaços, remendei suas fendas, enquanto colava os meus cacos. Não posso esquecer que tive de aprender num curso intensivo a reinventar-me. Hoje, reinvento-me sorrindo, sei o valor e o poder que nós dois temos... Aprendi como podemos olhar para trás e dar de ombros para as adversidades, por ter outro modo de ver a vida. Lição que a própria ensinou.
Seguirmos em frente, sem valorizar a gota d'água é por termos feito bem o dever de casa, isso agora é tão  natural..
Meu coração.
Divirta-se! Divirta-me! Sei do nosso limite e não deixarei que nossas cicatrizes voltem a ser feridas.

 
Aparecida Linhares (Serahnil)
Enviado por Aparecida Linhares (Serahnil) em 16/12/2016
Código do texto: T5854922
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