A alma que quer voar

Amor...

Hoje estou assim, como vês, distante, inquieta, talvez até angustiada.

Hoje apetece-me chorar, talvez até gritar.

Hoje não me estou a sentir muito bem, sinto-me perdida.

Na verdade estou com medo, muito medo.

Porque não me abraças? Sinto falta do teu abraço, do teu aconchego, do calor do teu corpo, de sentir a tua respiração em mim.

Porque estás distante, na verdade não sei bem por onde andas. Faz tempo que te foste, deixando em mim um vazio, um remorso, uma mágoa tão grande que consumiu todo o meu corpo, toda a alma. Ah como a alma está inquieta, julgo querer abandonar o corpo, voar para longe, tão longe que se um dia voltares encontrarás o corpo caído no chão, pálido e frio.

É outono, vi da janela do quarto as folhas das árvores caírem serenamente, será que não sabem que te foste? Porque não têm elas pressa em cair? Como eu queria não ter pressa.

Eram castanhas, amareladas, ou seriam em tom de vermelho e laranja? Estou tão confusa.

Porque não posso eu ser como uma árvore que estação após estação dá continuidade a um ciclo de esperança e renovação? Mas elas também morrem, também as matam. Também se cansaram de viver? Pareciam tão donas de si, tão cheias de vida, tão felizes dançando ao sabor do vento, ou quando viam as suas folhas crescer novamente e depois disso também as flores e os frutos.

Pensando bem queria ser árvore, ficar ali quietinha crescendo a pouco e pouco sorrindo para o sol e dançando ao sabor do vento, ouvindo as crianças brincarem. Porque já não brincam as crianças? Terão desistido de viver, mesmo antes de descobrirem o quão cruel é o mundo?

O mundo é cruel, ou o Homem é cruel?

Não sei, tenho medo. Porque não me abraças como antes? Porque não me limpas as lágrimas do rosto e me embalas com palavras meigas?

Sinto a tua falta,porque te foste?

Porque desististe de me amar, de sonhar e viver?

Estejas onde estiveres, não me canso de te amar, quando não mais respirar, quando a terra pesar sobre o meu corpo, minha alma voará para ti.

Liliana Soares
Enviado por Liliana Soares em 13/12/2016
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