O mal do livre-arbítrio

De quantas possibilidades se faz a juventude? Pergunto-me. Quando criança, o futuro é uma fantasia distante que enche o coração de esperança, mas que pode esperar o fim do jantar, da sobremesa, e da brincadeira de esconde-esconde. Porém, aos 18, a fábula do futuro se esmaece e é tomada pela urgência; trilhos se embaralham à nossa frente, e nos desafiam, como maquinistas da nossa história, a descobrir qual deles nos levará ao destino certo, e qual deles terminarão à beira do precipício. A mão que deita sobre os controles treme, ameaça, mas falha em tomar uma decisão. Nesse momento, o cérebro se esforça em cálculos complexos na tentativa de prever o caminho de cada trilho, mas para cada tentativa, uma nova insegurança. Ao temer ser o causador da própria infelicidade, desejamos que os controles tomem consciência e ajam espontaneamente, como se nos livrassem da responsabilidade perante a nossa própria vida. Vendo que tal feito mágico não é possível, resta-nos criar um critério de escolha, lutarmos contra a hesitação, e tomarmos um rumo, apenas com a esperança de estar certo.