BECO DO CANDEEIRO

O beco do candeeiro

tem ladras e passageiros

tem gatos no telhado

e o medo sorrateiro.

Tem pedras molhadas com lagrimas

sentimento moribundo

saco nas costas do mundo

tem saudades espelhadas

fala do mudo e audição do surdo.

O beco do candeeiro

tem alma tem sensação

ali conta o mundo inteiro

uma terrível aflição.

Um dia ali a inocência

tombou feito fruto podre

bandidos sem consciência

em momentos de azougue.

O beco do candeeiro

Continha falas e alegrias

mas hoje em horas caladas

são lembranças de triste dia

e de agonia que ali bradou

sem compaixão sem amor.

No beco do candeeiro

em escuro do seu passado

os candeeiros passavam

iluminado às calçadas

da noite alegre e calma

e das sombras enluaradas.

No beco do candeeiro

passou passos e passadas

passou moças enamoradas

na fresta romântica da prata.

No passado definido

passou menino com pedido

e cuidados com os ouvidos.

De manhã passou carroça

carregada de banana

e o bode de sua choça

olhando o prego bacana.

Em noite de fim de semana

passou velho e passou moço

passou músicos bacanas

com suas violas de cocho.

Um dia tudo mudou

meninos por ali tombaram

ficou a placa ficou fama

arrastando o nome na lama.

Um feito, feito por homens

de propostas palestras e discurso

e promessas que a todos consomem.

Antonio Montes

Amontesferr
Enviado por Amontesferr em 03/11/2016
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