AVISOU-ME

Bem-te-vi! Bem-te-vi!

Quanto tempo!Avisas-te...

Coisas que só via a ti

O mundo não te acreditas

agora o vejo daqui.

Rosas em noite de lua

a pé pelo massapé

passas-te com capuz pela rua

e sem ninguém saber quem é

fugia assim sê-me nua

de braços dados com José.

Jose, José, José...

Só por causo do boné

chorasse por tanto amor!

Depois largou seu filho a mercê

Do horror e da grande dor!

Bem-te-vi! Bem-te-vi!

A grana ‘pela’ cueca

pasta toda empapuçada

pobre sem leite na caneca

e ricos sem pagar, nada!

Quantas e quantas vezes o choro!

Em silencio foi sufocado

lembranças desencadeou estouro

de um tempo no passado...

Hoje favelas e morros

são redutos de condenados.

Bem-te-vi! Bem-te-vi!

O pau que floriu tombou

é carvalho após oliveiras

orvalho voou com machado

na ignorância de mais um talho

e de um mundo mal amado.

Quanto amor desembocou guerra!

E o ódio bradou a incoerência

roubos desenfreados de novas terras

lágrimas famintas de uma criança

quem se importa com essa era?

A onde foi a tal confiança?

Bem-te-vi! Bem-te-vi!

Viu tudo e me avisou

não quis acreditar em ti

e o amor? O amor...

Bateu asas e voou.

Antonio Montes

Amontesferr
Enviado por Amontesferr em 30/10/2016
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