Faz de Conta que Sou Eu

- Sobre Identidade

Longe das intensidades, faz de conta que sou eu!

Esses dias, conversando com alguém que amo, fui aconselhada a não ser tão intensa, mas a afirmação supracitada é verdade que repito sobre mim: "Longe das intensidades, faz de conta que sou eu".

Não sou uma pessoa de meias verdades e nem de meias mentiras. Não gosto de nada que seja do tipo mais ou menos, não gosto de ser "meia boca", não gosto nem de meia branca! Se tiver que usar meia, que seja uma meia mimosa, florida, fofa, feminina, cor-de-rosa!

Por falar em cores... Ah! Como amo falar de cores!

Eu não uso nada em tom pastel, nem em tom de empada! Eu gosto mesmo é de vermelho encarnado, de rosa choque, de azul royal, verde taiti! Não uso batom nude, cor de boca; a vida é muito curta pra não usar batom vermelho!

Outra coisa que não me serve são aquelas sandalinhas toscas e baixinhas, comuns e feinhas. Eu desfilo nos super saltos!

Eu gosto de purpurina, de paetê! Não sou uma pessoa basiquinha, recalcadinha, de quem se pode dizer: "um docinho de pessoa".

E já que estamos falando de doces, que eles tenham mto açúcar! Mas se o sabor for cítrico, que seja azedo mesmo, que me leve a fazer careta. Se for amargo, estou dispensando. Se for insípido, inodoro, incolor, apenas desejo morrer!

Imagina uma pessoa sem gosto, sem cheiro, sem cor! Gente assim não me apetece em nada!

Por causa dessas intensidades, fui exilada inúmeras vezes! Na "Sibéria" das minhas ausências já me suicidei, dormi por dias e dias, fiquei acordada por noites e noites, já parei de lavar o cabelo, já "esqueci" de me maquiar, de me arrumar, de trabalhar, de buscar o sagrado, de respirar...

Solidão é o preço mais alto que paguei! Mas... O que dizer dessa minha natureza intensa? O que fazer com esses desejos arraigados, insanos, diferentes, especiais?

Eu queria ter uma turma de amigos, mas há dias e longas noites em que nem o espelho me ouve mais!

Tudo isso é muito triste! Ou talvez seja alegre demais!

Eu preferia viver em Saturno porque lá existem anéis. Aqui só existe água! A sede, porém, é condenada, é castrada, é julgada! Sem sede a água não tem sentido!

Eu queria que nenhuma dessas reflexões sombreassem o meu domingo! Eu devia diminuir. Muitas vezes, menos é mais!

Se eu fosse um faz de conta, talvez, você gostasse mais de mim, brigasse menos comigo, me dedicasse um pouco mais de tempo, e eu sentisse menos dor.

Mas aí, nada disso seria verdade, porque sobre minha identidade, longe das intensidades...

Faz de conta que sou eu!

Patrícia Carnieto
Enviado por Patrícia Carnieto em 23/10/2016
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