Para o sol...
Era um, indo distante, tão sozinho… Abrigava-se por entre os arbustos e às vezes à sombra de uma Oiticica na tentativa de permanecer o menor tempo possível sob a pungência dos raios solares. Seguiu se arrastando pela fustigante estrada sem vida : sol a pino, pouca água, muito sol...pouca luz.
Era quase um diante do entediante cenário sem brilho e sem cor, por onde figuravam: “Severinos”, “Fabianos” e “Zés”; José das Chagas era seu nome de batismo. Buscava o sol, queria relacionar-se harmoniosamente e não ser oprimido por ele. Imaginava como deveria ser a altivez do que é pulsante, afastar-se assim do cadáver que assombra sua existência.
Era o pó, do mesmo nascera e nele permanecia. Era secura entranhada em seu sopro, a sola castigada pela ação do tempo, o chão nas rugas de sua face. Sentia-se forasteiro de onde era natural, vislumbrava um horizonte, queria provar que vivia, não se conformava com a indigência; existia! Estava também ali!.
Precisava de um horizonte, mas ele é onidirecional. Então, uma dúvida mortal o assola: para onde apontaria seu olhar? pra que bandas tomaria seu rumo? Por ironia, aliás, grande ironia, seguiu a direção do sol. O mesmo que o maltratava, desidratando agudamente sua tez e causando feridas de morte. Tornar-se-ia o rumo que guardaria seu último fragmento de esperança.