Escritos Tortos

Tenho viajado pelos dias dos anos

Sem pressas de chegar nalgum lugar

Descobri novas formas de viver a vida

E redescobri o amor e suas manias

Tão solitária quanto um gato no telhado

Assim sempre fica a lua nas noites frias

Desejos secretos seriam obscuros

Manchas escondidas num vestido de linho

Cansaria de sonhar mas, não há voltas

Deixei o coração com os três tempos

São os sonhos oxigênio dessa viajem

Permaneço taciturno como um vulto

Que contempla figuras e estátuas

Num museu que reabre em festas

Aos novos acontecimentos do Cronos

Nessa caminhada vagarosa termina de repante

O tempo não difere de sonhos e esperanças

Parece que tem pressa de chegar ao infinito

Também não se importa com dores ou desgraças

É implacável, imutável o juiz de nossa breve existência

A ninguém jamais deu minutos ou segundos a mais

São meus olhos que veem tudo isso

E mais uma caneta joguei fora

Após muitas bolas de papel no lixo

E apesar das linhas retas eu percebi

Que todos eles eram escritos tortos

Hugo Deff
Enviado por Hugo Deff em 29/08/2016
Código do texto: T5743770
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