AS CHAVES

FECHOU A PORTA E SAIU COM UM VULTO DA TARDE QUE COMIA OS ARRANHÕES ROIDOS DE SEUS PASSOS QUE AFINAVAM AS AURAS ATÉ PERDER AS GRAÇAS DA PRESENÇA...ENTÃO CIFROU-SE DE INEXISTENCIA.

DA PORTA QUE ESTA FECHADA OUÇO A ORFANDADE ABRI-LA E PENDURAR A BOINA DE PALHA CRUA NOS PREGÕES DA PAREDE E OS RETRATOS QUE CERCEIAM ESTA PATETICA AUSENCIA, SOBREVOADA NUM ARRULHO DE MALHA POENTE SORVIDOS AGORA NO PAPEL AMASSADO NUMA BOLINHA .

SENTO-ME NA CADEIRA- ESCUTO O AVERMELHAR LANCINANTE DAS BRISAS QUE FARFALHAM DEBAIXO DA PORTA O FRIO PERALTO.

FIGURAS DE SONHOS ALQUEBRANDO O MONOCROMATICO DOS TAPETES -SOU TRATADO DAS HORAS COMO VASSALO DAS VELAS QUE CRITICAM O FOSFORO MORTO AOS PÉS DA XICARA DE CAFÉ RECENTEMENTE COADO.

O ARREBOL ESCONDIA AS PEGADAS DE VAPOR NUMA TEOFANIA DO SOL .A JANELA ADORAVA AS BARBELAS DE NUVENS QUE PENDIAM NA GARGANTA ROUCA DO HORIZONTE.

O TEMPO EMPRESTAVA-ME A VIDA PARA DESFAZER ESSA SAUDADE:ROUPAS PENDURADAS NO VARAL APROXIMANDO O ADVENTO NESTA PENULTIMA MISSA DA RESSURREIÇÃO DAS CIGARRAS.O QUE CANTAR?-PERGUNTO AOS PINGOS DE CHUVA QUE ACALANTAM ESSES OUVIDOS SENTIMENTAIS DESTA CADEIRA.

PACIENCIA É BAGAGEM QUE ENCOLHE QUALQUER PALPEBRAS NÃO TRATADA :COLIRIO DE LUZES A ENCHER DE AGUA A FACE NOTURNA DESTA SOMBRA QUE ARROCHA OS NOMES QUE ESCAVO TANTO TENTANDO AJUNTAR NESSES POUCOS RETALHOS DE PELE QUE SOBREVIVE NO ALPENDRE DESTE CREPUSCULO.

A NOITE É CICATRIZ CONSTANTE PARA ESTA POBRE FELICIDADE QUE PASSEIA A AMARGURA DE UMA SIMETRICA CRUZ, MAS DESAPRENDIDA DO RELOGIO QUE TATEIA OS CORDÕES DESTAS HORAS.PERCORRI POR MUITAS CORES DESTA VIDA -AGORA TODAS SUMIRAM.APENAS NESTE MOMENTO ENTARDEÇO TAMBEM JUNTO COM AS POMBAS QUE DILUI SEUS NINHOS EM UM VÔO APARENTADO DE MEDOS.

TIREI DO NADA QUE SOU A MATRIZ QUE AGONIZA NUMA TAPERA DO UNIVERSO ,MAS A ESTRELA SÃO GUARDIÃS DA AURA QUE BUSCO PARA ESTA COSTA QUE OBUMBRA –SE NO CORREDOR DE MUSGO DOS VINCOS DE MEU ROSTO.

A AMPULHETA DE DEUS ESCONDIA DA MORTE O SEPULCRO QUE SACODIA A PERNAS DESTA REZA DE MINHA LINGUA CONVERTIDA ,ARREPENDIDA.ENTRE ESTA FOLHA DE CADERNO COM SUAS ESPIRAIS CORTADAS –ASSOMBRO-ME COM O MEU MISTÉRIO...

ASSIM SOU SACERDOTE DAS TARDES ENQUANTO DESARRAIGO-ME NUMA QUIMERA NUM DESENHO ABSOLVIDO ÀS AVESSAS NO ESPELHO.

E NO DESLIZAR E BALANÇAR DESTAS CHAVES QUE RECEM–OSCILAM NUM FUTURO PARA A DIREITA E NUM PASSADO PARA A ESQUERDA.

Rafa Lourenço
Enviado por Rafa Lourenço em 16/08/2016
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