Saudosismo Antecipado

Onde está? Ao menos aquilo que podia chamar de “Sou”. A moda da indiferença, do “o que me importa” e do “ não estou nem aí” ,faz frente. Na platéia, durante o espetáculo, participam cabeças que não estão mais lá, ajustam-se nas cadeiras almofadadas apreciando, o quê? Desapareceu a ordem imposta pelas etiquetas, tornou cinza a polêmica, como cabelo achado no doce, acabou a graça, saíram:

Homens

Mulheres

Crianças!

Como ficarão?

Sem a espontaneidade do ato falho de quem era rei, ou a coisa preparada que encantava até o cético, mesmo que servindo de combustível para a gargalhada. Mestres! amigos produtores da piada bem elaborada à partir do absurdo, onde estão?

Terras desbravadas pela força hostil do ódio, do medo e da exclusão, campos das almas desmatados pela queimada das emoções com a participação exclusiva dos próprios prejudicados. Levando o oprimido em sua autopenitência, preterir, ficar, não ser neste mundo pronto da qual participamos.

Antecipadamente sinto falta daquilo que na intuição sinto partir logo adiante; das crianças nos corpos dos homens e das mulheres que ainda resistem em ficar no duelo, demonstram canseira, cada vez mais encapsulam-se dentro da redoma da exclusão imposta pela natureza que surge no campo do observador, mas insistem,

ficam cutucando com vara curta as obviedades, perguntas que não se calam: Para que ser, viver, cumprir o nascer, crescer, envelhecer e morrer. Acolhem, rejeitam, voltam a reconsiderar, fazem miscelânea das conclusões dos irmãos de hoje e de nossos antepassados, tudo para atender o vazio insuprível da certeza inexorável da ausência de resposta.

Não me deixem sozinha, diria. Ficam conosco seus ecos, assim lembraremos que um dia agiram, articularam as musculaturas do cérebro...desafiando nossa imobilidade.

Márcia Maria Anaga
Enviado por Márcia Maria Anaga em 19/07/2016
Código do texto: T5702894
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