Crônicas de um maconheiro

Úlcera

5:20 da madrugada e eu estou comendo desde as dez. Não seguidamente mas com alguns intervalos para fumar e procrastinar na frente do computador. Pra não falar, na frente das redes sociais... "A vida deve ser mais do que isso"- pensava. Faz alguns meses que comecei a me perguntar, quando foi que a vida se tornou assim. Mudara radicalmente as roupas, os cabelos, os olhares...Ah os olhares! Principalmente isso! Hoje mesmo o pai chamara pra olhar as fotos da viagem por Buenos Aires em 2011. "Vem cá" - Disse. Indo até a frente do espelho do banheiro com a foto no celular. Colou-os lado a lado. Celular e espelho. De frente, meu rosto Transfigurado. Ou configurado, tanto faz. Nem disse nada. Só concordei como quem nao se importa nem da valor mais pra coisa alguma. Ser carsimatico ainda tem seu valor. É sorrir. Das suas próprias metamorfoses. Então foi o que eu fiz. Sorri como que não se importa. Fingir que ta tudo bem é lutar capoeira contra a dor... É o que a gente faz quando percebe que ela ta batendo. Que tamos apanhando. Transforma os olhares. A forma de ver a vida. As vezes esse é o segredo de tudo. Virar as coisas de cabeça pra baixo pra ver de outro ângulo. Pelo menos foi assim que eu aprendi, ou foi dessa forma que resolvi fazer as coisas. Olhando sempre de outro angulo, outro ponto de vista. Até o momento em que nada mais faça sentido. O momento em que a gente percebe as coisas. E começa a perceber o olhar. Perceber o outro ponto de vista. Perceber o outro. Momento em que a gente começa a ver. Mas não com o olhar. "- Eu te vejo de outra forma, não com o olhar - ". Foi isso que meu pai veio me dizer à tarde, sobre as fotos da viagem. Em que eu não era mais eu, depois de 5 anos. Afinal é isso que acontece com as pessoas. Umas mudam o olhar, outras a forma de ver as coisas. Como eu e meu pai. Mudamos. Foi isso que descobri hoje. As 5:20 da madrugada.

Olho

5:20 da madrugada e eu estou comendo desde as dez. Não seguidamente mas com alguns intervalos para fumar e procrastinar na frente do computador. Pra não falar, na frente das redes sociais...Amanhã acorda as cinco da tarde. Vai até a rua comprar as provisões e à noite, recomeça. "A vida deve ser mais do que isso"- pensava. Faz alguns meses que comecei a me perguntar, quando foi que a vida se tornou assim. Mudara radicalmente as roupas, os cabelos, os olhares...Ah os olhares! Principalmente isso! Hoje mesmo o pai chamara pra olhar as fotos da viagem por Buenos Aires em 2011. "Vem cá" - Disse. Indo até a frente do espelho do banheiro com a foto no celular. Colou-os lado a lado. Celular e espelho. De frente, meu rosto Transfigurado. Ou configurado, tanto faz. Nem disse nada. Só concordei como quem nao se importa nem da valor mais pra coisa alguma. Ser carsimatico ainda tem seu valor. É sorrir. Das suas próprias metamorfoses. Então foi o que eu fiz. Sorri como que não se importa. Fingir que ta tudo bem é lutar capoeira contra a dor... É o que a gente faz quando percebe que ela ta batendo. Que tamos apanhando. Transforma os olhares. A forma de ver a vida. As vezes esse é o segredo de tudo. Virar as coisas de cabeça pra baixo pra ver de outro ângulo. Pelo menos foi assim que eu aprendi, ou foi dessa forma que resolvi fazer as coisas. Olhando sempre de outro angulo, outro ponto de vista. Até o momento em que nada mais faça sentido. O momento em que a gente percebe as coisas. E começa a perceber o olhar. Perceber o outro ponto de vista. Perceber o outro. Momento em que a gente começa a ver. Mas não com o olhar. "- Eu te vejo de outra forma, não com o olhar - ". Foi isso que meu pai veio me dizer à tarde, sobre as fotos da viagem. Em que eu não era mais eu, depois de 5 anos. Afinal é isso que acontece com as pessoas. Umas mudam o olhar, outras a forma de ver as coisas. Como eu e meu pai. Mudamos. Foi isso que descobri hoje. - A comida não tapa o buraco, ela abre um - percebeu, as 5:20 da madrugada.

Raul Nini
Enviado por Raul Nini em 09/07/2016
Código do texto: T5692096
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