Um alguém

Sabe, pode parecer estranho mas sonhei contigo. Não sei quando ou como, mas repasso esses fremes de lembranças com um sentimento que desconheço.

Eu te vi, as vezes te vejo e já te senti, mesmo que nunca tenha olhado nos seus olhos.

Eu lembro de ti, de como teus olhos castanhos piscavam quando eu fazia algo engraçado ou quase. Como um djavú que fica em minha mente e tende a me causar estranhezas.

Eu sei que já me aqueci no seu abraço, mesmo que nunca o tenha tido, não nessa vida.

Sabe, quando lembro do teu rosto quase sem formas me arrepia a alma, eu lhe amei com muitas almas, lhe amei em muitas vidas e foram tantas que algo não saiu de mim, não sei se em você é assim, não sei nada de ti.

Ah, se te encontro mais uma vez , só uma vez, para acalmar minhas retrogradas e tão recentes memórias sobre algo que já vivi com tanta intensidade que dói na carne.

Lembras daquele dia, era noite, eu vestia um suntuoso vestido que você adorou, corri até você, descendo o ingrime terreno que nos afastava, como se quisesse cortar toda barreira concreta e abstrata que nos separava. Não lembro se conseguimos viver nossa ,outra vez, juvenil paixão. Mas te vi, montado no cavalo, animal que adoravas.

Através dos tempos, de muitas gerações, seja onde for, com quantas faces e formas tenhamos, nossas almas vão nos guiar, um imã consagrado por um amor de séculos, e esse vazio inexplicável vai ser compreendido, pode não ser nessa vida - ainda não foi - mas vamos sentir a imensidão do mundo dentro do peito outra vez.

E te sinto tão presente, acho que a tua alma procura por mim nos teus sonhos, ou a minha, bate à tua porta nas madrugadas.

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