Vozes - PaoT

Normalmente quando eu acordo

Caminho-me ritmado ao trabalho

Vou em meu silêncio

Envolto em vários pensamentos

Da minha acelerada mente

Ouvindo apenas minha voz

Que ecoava internamente livre

Sendo as vezes interrompida

Pelas vozes de fora

Trens, metrôs, carros, buzinas

Atenção redobrada no caminho

Que sempre acabava feito

De modo relativamente mecânico

Porém ligeiramente conseguia muda-lo

Em pequenos, diminutos detalhes

A voz agora outra

Imposições de várias coisas

Obrigações clássicas do dia-a-dia

Fofocas e informações supérfluas

Respirava fundo e lamentava

Certas momentos acabam sendo

Melhor guardados para si

Se não adicionam nada

Mas em certas horas

Consigo com sorte enfim

Prestar atenção numa rara

Bela e única voz

A voz do silêncio

Não necessariamente a ausência

Completa, total de som

Mas sim os sons

As vozes que rodeiam

Árvores com vento balançando

Alguns pássaros a cantar

Vencendo selva de pedra

Precisamos de melhores ouvintes

Tanto desse belo silêncio

Quanto ouvintes de si

De seu lado interno

Ouvintes da própria alma

Eu almejo um dia

Que alguém realmente consiga

Ouvir a minha voz

Não apenas com sentidos

Ouvir voz da alma

E levar em consideração

O que ela realmente

Tem e quer dizer

Edu Campagnolo
Enviado por Edu Campagnolo em 06/03/2016
Reeditado em 02/12/2016
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