Antro da Ataraxia

“Nenhum caminho é mais errado para a felicidade do que a vida no grande mundo, às fartas e em festanças, pois, quando tentamos transformar a nossa miserável existência numa sucessão de alegrias, gozos e prazeres, não conseguimos evitar a desilusão; muito menos o seu acompanhamento obrigatório, que são as mentiras recíprocas.”

:( Arthur Schopenhauer ):

Das entranhas das tumbas entre paralelos e meridianos, mero devaneio desde o início da criação ao fim-dos-tempos. Logo, rosna o profeta romano: Quando ninguém se atreve ao calabouço do deserto, quem se atreveria roer as raízes do oásis que inda brota por lá? Porém, jamais!

Coveiros de cócoras nos Andes, donzelas de rímel no Atacama

Lhamas de velocípedes nas ilhas de flandres atrás da arca perdida. Todavia, o hominis do apocalipse untado de toga e gravata, não

faz tudo, nem sabe o que faz. Já pelo lado esquerdo do gueto dita o rito:

Ide à feira de bugalhos do Red Shopping

Idem, com a feira de bagulhos do Green Shopping

Ah, levai todos os cartões de crédito e de débito

Usai e abusai do substrato da substância heterodoxa

Regai bem vossos neurônios, vísceras e vômitos

Comei mais frutas, menos fritas

Bebei a água benta em vossas mãos

Tomai uma taça de chambertim

Dois copos de betume negro

Três xícaras de cappuccino

Um docinho a mais, tanto faz

Buscai vosso afeto perfeito ao azeite

Beleza! duas almas, um só esqueleto

Exorcizai nosofobias, cardiopatias e stress

Calçai e vesti a última moda do Fast Fashion

Zelai os dédalos da vossa mansão

Escutai os corretores da bolsa de valores

Acelerai vosso carrão na “rota-666”, ajustai o veneno do motor

Correi, sorri e falai sempre de cabeça pra lua

(: às vezes é melhor calar :)

Ide ao templo, evitai aquele sem ornamentos de ouro, onde a entrada é franca, a palavra é dita com lucidez sem ornato nem perfídia.

Atentai para o enredo da TV gratuita, escutai àquela que mostra o estigma humano. Ajustai as velas do vosso veleiro singrando atlântico, pacífico e índico. Tocai três vezes o pé no batente, antes de subir a escadaria às nuvens. Contudo, toda palavra dita inda não diz tudo de vossa justa conduta na última batalha de Nagasaki.

Oh! toda felicidade empacotada em ampolas de cristal!!!

Entrementes, para cada tesouro perdido há outro escondido.

Eis que de repente! a quebra total da BV&BoaVitae.

Consequentemente, deu-se o breu:

Ninguém morre duas vezes nessa vida! Logo, toda gritaria inaudível do guerreiro nesse último lacre da caixa-preta dentro da ampulheta transportada para o além-paraíso. Enfim, só a essência imatura dessa ossatura à mercê da eternidade.

Gilberto Oliveira
Enviado por Gilberto Oliveira em 05/02/2016
Reeditado em 07/02/2016
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