IMAGINAÇÕES

ANTONIO OLIVEIRA (Imaginações)

Na noite passada não sei exatamente o que fiz sei apenas que venci uma maratona com quarenta milhões de concorrentes, cheguei primeiro às trompas. Naquele tempo embrionário fiquei por lá, me unindo à outra metade, onde nos tornamos “Eu”.

Os outros gametas perderam-se na noite, e foram expulsos do campo de batalha por um tsunami urinário. Quando raiou o dia, tive uma reação de estranheza no meio de toda aquela gente, então,

chorei desesperadamente.

Ainda bem cedinho, mas já caminhando sobre duas pernas, perambulei pelas relvas campineiras um tanto encabulado com o rangido das gameleiras.

Arrepios horripilantes me torturaram na margem do riacho que engoliu a criança na véspera do seu terceiro aniversario.

Por volta das dez horas, acreditei que ao meio dia, encontraria respostas para tantas perguntas que ofuscavam minhas visões. Mas Justamente ao meio dia me embriaguei com novas questões. Quando achei ter encontrado as respostas, a vida elaborou-me novas interrogações;

por outro lado, ao meio dia, o rangido das gameleiras já não fazia mais nenhum sentido, mas os monstros imaginários ainda preocupavam.

Às 13 horas, o calor das comparações heterogêneas me consumia. Naquele tempo, fixei meu olhar no horizonte e vi aqueles que mergulharam na noite nas primeiras horas do dia. E agora, o que fazem agora?

Exatamente às 14 horas, imaginei que lá pelas 15 encontraria a trilha das certezas; Mero engano! Depois das 15 as incertezas aumentam! Aquilo que de manhã parecia belo e acabado agora se mostra sem brilho e desbotado.

É pela tarde que o tempo revela a fragilidade das fortalezas. De tarde a luz do tempo clareia e desvela impiedosamente o “amor” de braços dados com “ódio!”. Cuidado! Conspiram contra nós! Nós, que nós? Todos nós? Não só nós, os que rejeitam os equívocos da hermenêutica. Meu Deus, podia ser diferente, e se fosse diferente, seria melhor ou pior?

São 16 horas, o cansaço me produz uma leseira ainda caminho sobre duas pernas não sei se vou precisar da terceira. A propósito, nunca mais passei pelo bambuzal mal assombrado, mas os monstros imaginários migraram de lá e hoje habitam nas tempestades que me acompanham.

As tempestades às vezes são de vento, às vezes são de fogo. Mas, são distintas dos monstros. Estes são abstratos e parecem transcendentais, aquelas são concretas e residem nas causas dos efeitos factuais.

Chegamos enfim, a décima sétima hora do dia, já sinto o frio boreal e começo a perceber os sinais do ocaso ocidental! A minha noite se aproxima! Cada indivíduo tem sua própria noite, e todos a encontrarão num tempo determinado ou não.

Mas a noite vira, virá... virá porque o dia é apenas uma suspensão temporária espremida entre duas noites! Querem saber de uma coisa? Esqueçam os monstros, evitem as tempestades e se preparem para noite é pra lá que caminhamos!

Ton Poesia
Enviado por Ton Poesia em 12/01/2016
Reeditado em 17/02/2016
Código do texto: T5508394
Classificação de conteúdo: seguro