A Árvore
 
Solitária entre duas pedras ela nasceu e cresceu.
A princípio era apenas um pontinho verde a despontar a procura do sol.
Suas folhinhas foram se formando uma a uma.
Nos dias em que uma garoa fininha caía o dia inteiro, lá estava a plantinha verdinha e viçosa.
E ia crescendo, crescendo...
Aos poucos seu tronco foi engrossando e tomando forma. Galhos e galhos surgiram e se entrelaçaram como num abraço.
Suas folhas pareciam corações verdes cheios de veias por onde a seiva que vinha de suas  raízes  alimentava seu corpo todo, respirando o gás carbônico do ar e o refinando para liberar o oxigênio que os animais tanto precisam.
Passarinhos começaram a pousar em seus galhos e felizes cantavam ao entardecer, depois emudeciam e logo que o dia amanhecia começava outra vez a mais bela sinfonia que alguém já pode ouvir.
Suas raízes penetravam por debaixo das pedras e as levantavam.
Muitas chuvas fortes e muitos dias de sol quente ela suportou com a alegria de quem recebe as bênçãos de Deus.
Muitos pássaros e outros animais ela abrigou nas noites escuras.
E continuou crescendo. No outono suas folhas adquiriam uma cor alaranjada e avermelhada e muitos pássaros coloridos podiam ali se camuflar.
Num belo dia ela amanheceu toda branca, eram as flores da primavera. Abelhas felizes zumbiam ao seu redor.
Pouco tempo depois, seus galhos não suportando o peso, chegavam até o chão, ela estava carregada de frutos, de caquis brilhantes, alaranjados e saborosos para todos os animais, inclusive eu.
Bendito Pé de Caqui, que nasceu sozinho no meu quintal, acho que foi plantado por um passarinho que pensava  no futuro  dos seus descendentes.
Dolores Fender
Enviado por Dolores Fender em 31/12/2015
Reeditado em 31/12/2015
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