incógnita espera

Lembras de quando passavas as tardes sentada na cadeira de balanço? Parecia esperar por alguém ou algo que nunca voltava. Parecias viver num tempo intangível.

Em cada balançar, o ronco da cadeira se transformava em súplicas. Parecias encontrar nos passos dos andantes sem rumo histórias para alegrar a longa e angustiante espera.

Já estavas velha, já não tinha tanto tempo e o pouco que restava parecia um longo tempo. Eu ainda via o brilho dos teus sorrisos escondidos atrás das dores passadas, que transformavas no teu presente sombrío.

Às vezes transparecias o que se passava no seu coração cansado. Mas esperavas pelo quê e porquê?

Na vida esperamos tanto, deixamos tanto, sonhamos tanto, lembramos tanto, que muitas vezes trocamos o presente pelo passado ou pelo futuro que nem sabemos se vai existir. Ficamos sentamos na metafórica cadeira de balanço. Balançando nossas dores antigas ou sofrendo dores que nem sabemos se vamos sentir.

Sábio é aquele que fixa suas vibrações no presente. Vivendo a vida sem esperas.