Até que ponto eu me permito?

sábado quieto, com ar recíproco e sem translação, se dá em troca semelhante: "a alma quase ouvido o ouvido a alma".

Lá fora calor além da conta; água, varanda, mudo. Há ainda um pé de jabuticaba, nos fundos de casa, pra urdir meus pensamentos debaixo da sombra, enquanto aprecio a doce fruta com um ácido final de provocação (não só gosto como me identifico).

Mais que isso é ordinário, é pacato, cujo não há compromisso nem perturbação - a vida que segue em anonimato é o bicho.

E mais: depois o povo sairá contando qualquer coisa por aí, que o tal sujeito ali não quer nada. Ora, que importa as falacias ordinárias? Nada. Pois a mim é igualmente nada também. Não sei conter e por isso não simpatizo com a vizinhança que espia a vida alheia na hora inapropriada - para eles -, mas perfeitamente propicia para mim.

Falando mais adiante, com sorte e mais compromisso, suponho encrenca a toda herança "new cristicism", porque jamais serão capazes de tirar quaisquer dedução sobre mim, segundo o que sugere a vertente da crítica representada por William Empson e T. S. Eliot defendeu

o close reading – uma abordagem minuciosa dos elementos técnicos ou formais do enunciado poético , criando conceitos

fundamentais, como o do "correlato objetivo",

cujo um trecho repasso adiante:

O poeta

seleciona e dispõe os elementos de tal

forma, que, uma vez vislumbrados na

leitura, desencadeiam imediata reação

emocional. Quanto mais íntima a relação

entre os elementos do correlato objetivo

e a vivacidade da emoção, tanto maior a

eficácia do texto. Adepto da concretude

em poesia, Eliot chegou a censurar o

Hamlet de Shakespeare sob o argumento

de que o estado emocional do protagonista

não encontra suficiente lastro na

objetividade do discurso.

Nesse caso, dizem, que o texto funciona

como a concretização

de uma experiência, sem se confundir com a ideia

de projeção de traços da personalidade

do autor.

Expressando-se indiretamente,

o artista opera antes com

a sensibilidade do que com a própria emoção.

Pena aos críticos:

o que sabem até que ponto eu me permito?

Poesia Tofilliana
Enviado por Poesia Tofilliana em 19/09/2015
Reeditado em 19/09/2015
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