Tarde de 10 de maio de 2015

(como ninhos de ovos, doces ou não)

Imerso em um mundo baldio que me faz encarcerado do meu próprio Eu inventivo, com um algema prateada, estilo seriado americano, apertada, enferrujada, tentando me impedir de escrever... Mas isso eu duvido. Não faz sentido ser tido como poeta e ter a poesia nem sequer por um minuto longe do ser. Acho que deve ser o cansaço; quiçá o cagaço de nunca mais escrever. Acho que pode ser o bagaço da laranja que já foi suco, chupada e espremida, a casca virou doce e agora tudo dá às caras e mostra o que sobrou: seus caroços... Quem sabe algo novo está para nascer... Quem sabe tudo isso é um pró-bônus; quem sabe um resquício de um prólogo tentando mostrar que algo melhor estaria porvir. Fico no aguardo e guardo a caneta e o bloquinho... Fico a observar os assíduos pássaros, dançando num indo e vindo, como vento, com suas palhas no bico – e eu aqui colocando uma placa de “manutenção” no meu ninho.

André Anlub