Minha mente despertou. Não abri os olhos. O despertador não tocou, mas, instintivamente, sei que o sol não tardará a trazer o novo dia. Minha mente despertou. Mas meu corpo se recusa a acompanhá-la. Meus sentidos, aos poucos, vão se dando conta das coisas ao redor. Minha pele sente a maciez do colchão e do travesseiro, o contato agradável do edredom, ainda quente do calor que de meu corpo emana. Agradeço em silêncio pelo sentido do tato...

Sem pressa, abro os olhos para a vida. Na penumbra, vejo meu amor adormecido ao meu lado, respirando suavemente. Vejo meus gatinhos aconchegados a meus pés. Vislumbro os objetos tão familiares que guarnecem meu quarto, meu refúgio. E agradeço silenciosamente pelo sentido da visão...

Lentamente, afasto as cobertas e levanto-me. Abro a porta do quarto e, instantaneamente, sou envolvida pelo perfume que vem do aromatizador que coloquei na estante da sala. É um dos cheiros mais reconfortantes pra mim! É o cheiro da minha casa! Sigo até a cozinha e começo a passar o café. Café tem cheiro de novo dia, de recomeço. Mais uma vez, elevo meu pensamento e agradeço pelo sentido do olfato...

Pego meu pãozinho com manteiga e minha xícara de café quentinho e me acomodo no sofá da sala. Esse momento único do dia é muito precioso pra mim. Somos só eu e eu. O gostinho do café me diz que a vida tem o sabor que quisermos dar a ela. Então, eu saboreio. O café, o momento, a vida. E agradeço pelo sentido do paladar...

Finalmente, retiro dos ouvidos os pequenos rolinhos de espuma que uso para dormir. E os sons do mundo me invadem! O gato mia, querendo também seu “café”. Na rua, lá embaixo, o barulho do trânsito, ainda fraco. Da janela da área, o murmúrio distante da conversa amigável dos meus vizinhos, madrugadores como eu. Da sala, me chega o barulhinho de água corrente, vindo da pequena fonte que lá coloquei há alguns meses. Tranquilizada, agradeço pelo sentido da audição...

Coloco a xícara na pia, volto à sala, abro a janela e absorvo plenamente o novo dia que Deus preparou pra mim. A brisa fresca no rosto, o azul-dourado do céu que amanhece, o colorido dos prédios ao redor, o cheirinho de orvalho da manhã recém-nascida, ainda puro, mesmo na cidade grande, o sabor da balinha de menta que peguei na cristaleira, os sons tão familiares de todos os dias... Uma imensa paz me invade e meu sexto sentido me diz: com certeza, hoje, farei do meu dia, um dia feliz!
Rosa Pinho
Enviado por Rosa Pinho em 01/08/2015
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