O Mar e Ele

Tenho o mar imenso nesse corpo miudo e frágil.

As ondas me desaguam.

O sal me deixa seca, áspera.

Perco o rumo.

Mergulho profundo.

Sangro pra ser mais forte e me uno aos seres todos que habitam em mim. O seio aponta o caminho.

Dói quando sabe.

Endurece quando prevê o improvável.

Sou oceânia.

Sou ânima.

Sou mulher estranha.

Amor que banha.

Água em todos os estados.

Mas que se alegra quando se derrama em chuva. Que toca o moço morno.

Que na praia lembra com saudade da moça que deixou no rio.

Senti o calafrio.

E o cansaço de um vida.

outono de 2015

Brígida Oliveira
Enviado por Brígida Oliveira em 25/03/2015
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