A Loucura do Entendimento

Qualquer noite dessas, eu me entrego ao ócio dos gênios e me faço qualquer coisa que não seja humano. Nem que eu uive para lua como lobo ou suba nas paredes como aranha, mas farei as loucuras mais loucas. As lágrimas rolarão e todas as dores nascerão como se sempre estivessem presas em mim de alguma forma. Espero a condenação mais cruel e inimaginável neste mundo para que em outras eras não sofra tamanho desalento, estou cansado de caminhar esse caminho invisível.

Nessa noite vou chorar, vou gritar, vou violentar o ar que me rodeia com meus socos e meus devaneios insanos, entretanto vou fugir de mim para outros cosmos e ser o que nunca seria no puritanismo social... Vou chorar como nunca chorei porque descobri certas horas nas lágrimas meu maior conforto aos climas insossos. Mesmo sem explicações é nosso único recurso quando não se sabe mais o que dizer e como dizer, quando as muitas respostas que se obtêm, advêm do uísque e do tabaco.

Nesse mundo, sou só aquele negro no céu noturno, aquele negro por ter entendido o verdadeiro nada desse tudo e sabendo de quase todas as verdades, sentir conhecer todas as mentiras profanas. Encaro bem essa idiotice toda, porque choro, grito, enquanto o mundo dorme no seu sono enfadonho e repetitivo. Morro cada noite, enquanto cada dia nasce, morre minha alma, apodrecem meus pensamentos no mesmo instante que essas substâncias fúnebres os enobrecem com seu naco de existência, dando vivacidade às minhas próximas mortes e odor às próximas podridões.

Renato W Lima
Enviado por Renato W Lima em 24/03/2015
Reeditado em 24/03/2015
Código do texto: T5181908
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