Havia inquietude

Em meio às atividades diárias e o tumulto de vazias conversas, surge inquietude em meu coração e a tristeza teima nele se instalar.

Retiro-me... Busco refúgio onde cores e cheiros de tinta me confortam.

O som de piano num dedilhar frenético, invade o ambiente: Polonaise de Chopin; tão heróica!... Abaixo o volume do aparelho e me deixo levar pela força e vigor da composição.

Lá fora não há sol. Uma brisa agita os galhos das árvores próximas e as folhas parecem dançar ao som da música, enquanto alguns pássaros adornam o cinzento céu.

Todas as dores e desencantos ficam encobertas pela melodia de Chopin e o canto longínquo de sabiás, canários e bem-te-vis.

Se, ainda, há tristeza em meu coração é só por não ter você perto de mim. Lentamente a inquietude reinante se desfaz para dar lugar a uma suave melancolia. Busco me perder do ontem, sem buscar o amanhã. Sou livre quando me desapego

Nada penso... Nada quero ou espero... Deixo-me levar pelo momento... Integro-me ao movimento do tempo que passa inexoravelmente. Absorta, sinto que não sou mais que a brisa, os pássaros e a vegetação que baila ao sabor do vento. Cada um de nós cumprindo sua função conforme sua natureza.

Agradeço por este sentimento que nasce em meu íntimo e se expande por meus sentidos permitindo que eu perceba a perfeita harmonia que rege o Universo.

Lisyt

Lisyt
Enviado por Lisyt em 13/03/2015
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