Asas

Cansado de tanto insistir

E de percorrer caminhos vazios

Meu coração triste desistiu

E como pétalas a cair num chão frio

Se despediu.

Sempre de encontro com a dor

Sentia que não pertencia aqui

Em sua alma carregada

Decidiu logo daqui partir.

No desespero, buscou refúgio

Respostas para todo esse absurdo

Na ânsia de se salvar

Se perdeu entre tantos espíritos escuros.

Caiu, levantou

Ajoelhou-se

Rezou.

De nada adiantou.

Entre suas penas quis voar

Sentir a vida o abraçar

Ele subiu no mais alto andar

E de lá sumiu,

Como quem esperava somente por um momento

Como quem só desejou liberdade

Enquanto o mundo todo quis o engaiolar

Cortar suas asas.

Saciou sua vontade

Em ventos soprando contra o seu pálido rosto

Encontrou o seu destino

Depois de percorrer milhares de desertos

Devastados por abutres de gravatas

Encontrou sua mais profunda liberdade

Abrindo os seus lindos e longínquos braços.

Suas asas se abriram em direção ao Sol

Alegria e tristeza ebuliram-se

E então ele sorriu e chorou

Sumiu como um balão colorido

A desbravar o lindo céu azul

E nunca mais voltou.