De Repente
De repente se fez noite
Um dia de sol.
Você se foi
E a saudade foi tudo que me restou
Agora.
De repente se fez inverno
Em minha alma cansada
De curar feridas eternas
De acumular minas de tristezas.
De repente era só eu
De repente era solidão
Aquilo que era um sonho
Aquilo que parecia ser tão real.
De repente eu me vi tão só
Miserável em meu mundo
Caído e prostrado em minha dor.
De repente, a lua chorou
E a madrugada vingou
Chorosa e silenciosa.
De repente o presente se tornou passado
E o que ficou foi o desejo
A chama queimando em desespero
O espírito congelado, imerso
Encoberto pelo frio
Entorpecido de sua falta
Adoecido de abstinência
De você,
Do seu calor,
Do seu corpo
Do nosso amor.
De repente,
Eu era inteiro
Agora sou,
Meio que de repente,
Metade solidão
E a outra:
Só medo.
A dor da rejeição
O sofrimento a se exercer
Em segredo.
De repente, a luz se foi
Junto de você
Meu anjo doce caído
Meu diabo carente de amigos.
De repente,
Você e a sua estrada
Nublada e chuvosa
E de repente,
Não mais que de repente,
Eu estou só
Aqui em frente a janela
Esperando você voltar.