ESCRITA

E se assim fosse, o vento e o poema macio entre os meus dedos... ligeiros, o mar na boca, a boca e o segredo. O segredo de ondas grandes e o vento a ventar muito no rosto. Disposto, o poema fica, inteiro o poema fica e a minha mão e a folha e o branco do papel e o céu. Dois. O que eu vejo e o que escrevo. Três. O que eu vejo, o que eu penso e o que eu escrevo. Escrever é um ofício que tira de nós o próprio tempo e as forças. Mas lavar e levar palavras o dia inteiro demanda tempo. Esforço. Bruto. Brutalidade e força e contenção. Palavras. O vento joga como dados certos e incertos. Letras e sílabas. E assim fosse, nada do que foi escrito antes explicaria a vontade de escrever... Entretanto, escrevo porque assim o faço desde que me entendo por gente. Mente. Olhos e mãos e coração. Coração não! Pensa a ação. Ligeira ação. Trêmula ação. Reação. Negação. Desolação.

CAMPISTA CABRAL
Enviado por CAMPISTA CABRAL em 27/01/2015
Código do texto: T5115821
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