Anotações de viagem II

"….Você viaja para reviver seu passado?---era a esta altura

a pergunta do Khan, que também podia ser formulada da seguinte maneira:---Você viaja para reencontrar seu futuro?

E a resposta de Marco:

--- Os outros lugares são espelhos em negativo.

O viajante reconhece o pouco que é seu descobrindo o muito que não teve e o que não terá."

(Conversa entre Marco Polo e Kublay Khan em Cidades Invisíveis de Ítalo Calvino)

Exatamente assim.

Em Zurich, Geneve, Lausanne e até na pequena cidade de Egger encontrei belezas, não importava a direção em que repousasse o olhar.

Estava feliz e admirado de constatar que elas continuavam as mesmas, exatamente como eu aprendi a admirá-las quando olhava o calendário na parede da cozinha na casa da infância.

Nas cidades, a paz da ordem, do respeito, do trabalho, e do fato de poder ver que o novo e o velho por aqui, caminham pelos séculos de mãos dadas.

Tolice comparar, mas como não comparar.

Porém, a medida que nós avançávamos país adentro, por estradas entre as montanhas cobertas de neve, cercadas de verdes campos, contornando lagos, sentindo-me dentro de uma imensa pintura, fui sendo lentamente tocado por um sentimento de carinho e saudade de Santa Rita e dos seus céus de nuvens e estrelas e das tardes brilhantes de maio.

Minha casa, meus livros