Declaração de bens fora do Inventário

O canto do Sabiá no quintal da casa da infância.

O cheiro do capim santo;

A luz dos olhos dela me esperando no portão.

O caminho da escola.

As nuvens do céu de Santa Rita em uma tarde verão;

O brilho imponente de Orion.

Uma certa manhã de Agosto.

A imagem do amigo Dito e o ritmo da sua voz nos momentos mais tensos, contando o filme, Bravura Idômita com John Wayne nos tempos da vila dos pobres.

A ternura na voz da minha mãe contando histórias do meu pai.

A sensação de descoberta e a vontade de sair pelo mundo quando li pela primeira vez os livros de Herman Hesse, Demian e Sidarta.

Campo verde e lua, sua juventude nua, nossa primeira vez.

O primeiro beijo, o primeiro verso, o primeiro livro.

Quando ela me disse pela primeira, pela segunda e pela terceira vez, estou grávida.

Quando escutei ele dizer: Papai, papai! Olha! Aprendi a pular.

Aquela noite, nós olhando o cometa Halley. Foi mais a idéia de vê-lo; Olhar e não vê-lo, ensinou-nos a amar a beleza mesmo que distante.

As conversas, a cerveja com os amigos, depois de um duro mês de trabalho, quando aprendi a celebrar as grandes e as pequenas vitórias, e acima de tudo quando se perdeu, ter podido olhar sobre os ombros e dizer: Ninguém teria lutado mais do que nós.

Ah! Quando ouvi pela primeira vez o concerto número cinco para piano, Beethoven.

Este momento;

Estas palavras.