No meio da noite

No meio da noite.

No meio da noite, o sono se esvai e os pensamentos transbordam trazendo de volta, lembranças suavemente guardadas.

Sei que em todas as fazes da vida há bons e maus momentos, mas os tristes acontecimentos não merecem ser revividos: Eu os tranco cuidadosamente, como uma caixa de Pandora.

Pela fenda da cortina vejo clarões e o rufar de mil tambores. A chuva, tão esperada, se aproxima. O vento sacode a cortina e os clarões vindos de fora iluminam o aposento:

Na cama ao lado, ele dorme. Nos últimos dias seu sono tem sido tranqüilo e isso me traz paz,

Um ser sem lembranças. Onde andará sua alma? Creio que comigo, pois o sinto ao meu lado em todos os momentos. Quando durmo é com ele que sonho: sem sofrimento ou tristeza, imagens e cenas do cotidiano me trazem olhares, abraços, aperto de mãos. Sonhos que preenchem meu dia, sem saudade ou lamento. Somente uma enorme gratidão! Não pelo amor que recebi, mas pelo amor que trago em mim e que me leva a perceber o grande presente que é a vida.

Fecho os olhos. Imagens surgem, indo e vindo, até se perderem em densa neblina. Já não sei em que mundo estou. O que será real? O mundo em que meu corpo está ou aquele por onde minha alma flutua?

Volto à pesada realidade.

A chuva já lavou o espaço e alimentou a terra.

O dia amanhece. . Bendito seja.

Lisyt
Enviado por Lisyt em 07/11/2014
Reeditado em 06/11/2015
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