OS MEDOS DE DON JUAN

Havia muitos desencontros em seus encontros desafortunados. Ela era a mulher dos seus sonhos. Ele a amava com todo ódio. Gozavam de uma solicitude que a alma devorava as horas beiradas de ânsia, vontade de tocar o desejo, em que nem a sensação de buscar outros pensamentos aplacava a fome. Todo impasse começa a brotar de modo que se entregava como um viciado, em que há apenas um cigarro. Essa vai ser em si aquela que mais vai lhe trazer prazer, como fuga que alimentava todo o seus sentimentos amorosos, toda razão entorpecia. Amavam apenas a si mesmos em seus objetos adornos. Como era desagradável ama-la em seus alicerces. O seu rosto figurava todo calor, era quente e frio sem saber. Os seus oceanos habitavam desertos, e essas sensações passavam do pênis a vagina sem passar pelo coração. O medo gozava como as tardes sem sol, queriam que o amor fosse da cor mais quente, mais era o sol que se fazia o aroma. Não é por querer que se amasse, mais por fome, sede, prazer dilacerado dessas almas que sofrem como se gozassem, sendo que para elas a frustração era a forma de fomentar o amor. Ele não havia aproveitado o amor até beijar a morte, dessa perfeição de uma imagem que não faltava, mesmo antes com regras severas que a imaginação não concordava, não sabia do saber que tinha, nem ao menos se lia.

Há o amor dilacerado, estava agoniando as portas de cada sua fantasia mulher. Tudo que tinha era evitado. Não podia se entregar se já haviam dado tudo, e esse rubor ascendia de tudo a sensação de que era preciso dar para uma estranha, quando o ódio produzia sucos em seu corpo, quando mais sentia mais queriam provocar. Esse vinho que o corpo consome, é para buscar paisagens na alma. Ele a sentia, ela o prendia como estado embriagado em que se gasta todas as fichas. Para ela, ele amava apenas quando a tinha, não o conhecia o tendo ao lado, dividia sua cama com ele sem deixar ver sua alma. Como Eros ele pediu para não deixar revelar seu rosto, como todo romantismo compulsivo que acredita estar vivendo seu desejo. Talvez Dom Juan amasse mais a fome do que a guerra. Esses contrários sempre lhe faziam consolos em fidelidades íntimas. E quando encontrava o amor sabia que estava insuficiente. É preciso abandonar, descartar, destruir, reter, a paixão mais intima, se dar ao outro para ele era voltar ao começo de toda alucinações que nunca encontraria, havia mais fidelidade no desejar do que em se envolver pelo objeto de seu desejo. E quanto plástico era o mundo para com o seu amor ardente que possuía em sua alma.

De. Poeta das Almas - Fernando Febá

Fernando Henrique Santos Sanches

Fernando Febá
Enviado por Fernando Febá em 01/09/2014
Reeditado em 06/06/2015
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