O teu poetizar

Nem sei se essa palavra existe, mas mesmo que ela ainda não desfile pelos léxicos usuais, seus efeitos ululam em mim. Estou falando do seu poetizar, do seu fascinante e único modo de falar de amor, de saudade, de luxúria... do que você quiser.

Nesses últimos tempos eu tenho visto minha vida como um filme repetido. Um filme que eu já sei o final. Os fatos das mais variadas naturezas se sucedem. Não rio porque não me deslumbro. Não choro porque me conformo. Não me emociono porque não me encanto. Não tenho sentimentos... não sei porquê. E talvez até saiba, ou desconfie. Quem sabe a culpa não é minha. Quem sabe seja da mal fadada monotonia. Mas vai que o culpado sou eu! O meu modo rústico de pensar que as pessoas sempre agirão da mesma forma que sempre agiram. Às vezes eu penso que as pessoas não mudam, pelo menos não na sua essência.

Juro que eu queria ser diferente. Ser magoado e perdoar. Ser desprezado e procurar. Ser traído e amar. Mas eu não sou assim. Tem um sentimento que palpita em mim clamando por justiça. É! Eu sou justo. Penso que isso não me permite ser mais humano, mais brando, mais resignado com as imperfeições da vida.

É incrível quando a cabeça quer dizer uma coisa e o coração insiste em dizer outra. Vim aqui falar do teu poetizar. Dizer que me encantei com cada palavra que disseste em "Apaixonada por você". Vim explicitar minha alegria sincera em te ler, em te ter, em te sentir - ainda que longe - perto de mim.

As agruras que mencionei eram apenas para servir de base e te dizer o quanto eu estou gélido em meus sentimentos e o quanto tuas palavras me aqueceram. Nem Camões, nem Pessoa, nem Drummond, nem ninguém. Apenas você soube escolher as palavras certas para tocar o meu coração neste momento.

Acabei me estendendo nas lamentações, quase que em tom de confissão, ou de terapia, ou algo assim. Mas, reitero, culpa desse meu coração te ver como um porto seguro para atracar e, assim, descarregar sua bagagem, que por ora se revela revestida de languidez e de solidão.

Mesmo assim, em face desse contexto sombrio, não deixo de pensar em ti, de pensar em nós. Também me acalentam as lembranças de todos, sobretudo do nosso primeiro encontro, que volta a dizer e assim farei quantas vezes forem necessárias: foi PERFEITO!

Hoje ainda, eu te procuro. Em cada música, em cada olhinho repuxado, em cada sorriso largo. Em cada mera semelhança que eu vejo em alguém, eu te recrio e te transformo em realidade. Ainda que eu te recrie todos os dias, você será única. Não há ninguém com essa pureza sentimental que você tem.

E assim sempre haverá de ser. Mesmo que eu quisesse, seria impossível apagar você de mim. Afinal, eu sou um reflexo do que você me fez, dos seus gostos musicais, das suas engraçadas expressões. Eu sou você. Você sempre viverá em mim. Sempre!

Tenho que parar. A hora se adianta e as lágrimas começam a rolar pelo meu rosto, revelando aquele sujeito gelado se derretendo -literalmente - por você. É incrível como eu te sinto nesse exato momento tão presente aqui. Não sei explicar. Nem precisa! Basta continuar sentindo. É isso que eu vou fazer. Continuar com você, sem você aqui.

P.S. Não queria que fosse assim. Tenho esperança que não seja. Espero ainda, todos os dias, ver a dona desse maravilhoso poetizar desembarcando aqui, para que tenhamos não uma tarde, mas uma vida tão perfeita como na primeira vez.

Thalita Gaspar
Enviado por Thalita Gaspar em 25/07/2014
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