SOB A ETERNIDADE DA POESIA "AZUL E ROSA"

Todos os dias amanhecem na promessa dum novo verso e eu nunca entendi porque comemoramos nosso aniversário a cada ano posto que a festa é atemporalmente contínua.

Aniversariamos a cada sol que se levanta e que se vai no horizonte impreciso do tempo, espaço de abençoadas oportunidades infinitas, sempre na certeza de que angariamos mais um legado de aprendizado de vida cuja dimensão não alcançamos com os olhos.

É preciso ir além...de todos os sentidos para tocar e enfrentar o tempo.

A cada dia, a cada hora, a cada fração de segundo aniversariamos no tempo relativo que de forma tão absoluta nos soma continuamente vida nova.

Dizem que o tempo é cruel com o Homem e se crueldade for a lapidação do espírito através do envelhecimento da matéria, decerto que urge otimizarmos nossa missão, aqui tão temporalmente efêmera, na opotunidade única concedida a cada tempo, enquanto nos houver tempo de continuar na nossa limitada matéria .

O tempo é um misterioso ser, presente personalizado, uma chance contínua e limitada, e que nos é concedida na atemporalidade do universo, todavia a nós não nos cabe analisar mistérios.

A nós nos é mister apenas vivê-los no tempo, nesse presente inesgotável das mãos do universo.

O que nos cabe é passar pelo tempo de forma mais produtiva possível.

Perdemos muito tempo, é verdade.

Somos seres pequenos todavia... de poesia ilimitada.

Somos passageiros arrogantes da nossa ignorância existencial, na qual vivemos nossa fictícia eternidade material como se comandássemos nossos enredos nas obras herméticas dum Criador.

O universo está repleto de deuses humanos, ridículos diretores de cena mas que sequer comandam o pulso poético do próximo segundo.

Abro a janela e lá fora de mim há uma aquarela celestial que decerto hoje me presenteia.

São versos que dançam...no horizonte de mais um sol que chega.

Nem o céu é o limite da poesia da vida!

Hoje me dou o direito de acreditar que o céu me homenageia, trombetas soam versos infinitos porque apenas ao poeta é permitido devaneios de loucura saudável...loucura do coração que nos eterniza em "ser" poesia.

Fito o céu e sei que faço parte de cada verso pastel que dele emana em aquarela azul e rosa, a que ora já desponta no horizonte além do meu sol.

Todavia, nas cores pinceladas percebo que, a despeito do poema que me renasce vindo da luz que já se esboça lá no alto, sei que sequer minha poesia é minha, porque ela brota dum mistério que não me pertence.

Do holístico do reamanhecer da vida eu apenas ouço mais um sussurro do tempo ao qual agradeço em oração:

"Ei menina, acorda, porque já é tempo de comemorar, em versos, mais um feliz aniversário do tempo..."