Metamorfoses da vida…

Que triste vida da flor de campo

Menina que com enxada na mão lavrava a terra

E dela colhia frutos que alegravam o orgulho no coração da sua mãe!

Ao som da marrabenta

Com capulana na cintura

Abanava ritmicamente a bunda entretendo o olhar da comunidade,

Acto que arquitectava sonhos esperançosos no seio dos rapazes!

Na melodia das madrugadas

Por vezes friorentas,

Com sacola na mão,

Bem descalça

Enfrentava matas de espinhos

E na voz da esperança guiava suas trilhas em destino a escola

À traz dos seus sonhos,

Os quais morreram com o primeiro sorriso

Por ela compartilhado nas calmas numa cama,

Por ela ter esquecido de levar a mesma calma

Quando da tentação

Mergulhou sem noção no mundo da luxúria e vaidade,

Mundo esse que a traiu negativamente

Deixando de traz a sua linda identidade

a Flor do campo ja era tido como corrente de lágrima

Para a sua mãe,

Máquina da destruição de lares

Á redor das comunidades,

Para alem de ter se tornado poço de prazer

E objecto de lazeres

Para os rapazes!

É em plena esquina 24

Que numa nota no mínimo vermelha

Ela fazia de entrega ate as 4

Para com a sua lanterna

Iluminar prazeres no coração dos homens,

Era possível ve-la abrindo pernas em diferentes ângulos

Para diferentes agrados,

Mesmo sem régua

Nem esquadro

Fazia diversas e variadas figuras

No limite da escola da clientela!

De dia

Deusa linda que inspirava santidade,

de noite

poço de pecados que sugava salários dos homens nas discotecas,

Biblioteca móvel do sexo

Disponível para leitura

Mesmo na rua!

Sempre de salto alto galgava a cidade

Com tiques que ostentavam a sua luxúria e vaidade

E ouvidos grudados a filtros de algodão

Com os quais filtrava palavras que poderiam ter sido a sau salvação

Esboçando semblante de quem não mais queria voltar para o passado

Nem que fosse apenas para visitar o campo

o qual a acolheu como seu berçário da infância,

Porem foi o mesmo campo que voltou a acolher como berçário do seu descanso eterno,

Quando escorregou do seu salto

E caiu nas garras do vírus do SIDA!

Assim foi a história da flor do campo

Movida por pegadas que não deixaram outras trilhas

Para alem das palavras que acabas de ouvir

Como conformidade da sua veracidade,

Mentira ou verdade!...

Mana, cuidado com a luxúria e vaidade,

Toda adrenalina termina numa esquina

E o cemitério é uma das possíveis esquinas!