A Menina E Eu

Um dia, a menina que fui, cresceu. Levando com ela, alguns sonhos guardados, na gaveta da mesa de cabeceira. Muitos realizados, outros à espera, e alguns ainda por sonhar.

Ela juntou seus poemas, escritos nas horas de solidão, algumas páginas amareladas de um velho diário desgastado pelo tempo, onde descreve seus momentos felizes, de um tempo tão feliz. Aonde a única preocupação, era ser feliz.

Ela cresceu, guardando muito da menina que um dia corria, com os cabelos soltos ao vento, as pernas finas, quase quebradiças. A língua afiada, e o coração aberto ao mundo.

A menina cresceu, ela ainda acredita em contos de fadas,
mesmo sabendo que o príncipe nunca existirá, que a bruxa existe em forma de maldade, e a Cinderela são mulheres de todos os dias.

Ainda gosta de deitar na grama molhada, e formar imagens nas nuvens que passam, ou contar estrelas no céu em noites de luar.
De andar descalça pela areia, quando o mar está plácido e suas águas a saúdam.

Gosta de colher flores no campo fresco, secando as que não podem murchar, pendurando onde seus olhos as mantenham frescas. Guardando o perfume das flores em frascos chamados, pessoas.

Ela cresceu, sabe que a meninez ficou lá atrás, que um lado do seu coração guarda a menina de sempre, que a maturidade foi conquistada com esforço, abdicação, e muitas lágrimas.

Essa menina que habita em mim, sabe por quem é amada,
e antes de qualquer coisa perdida pelos caminhos, ela sabe onde encontrar-se, em que ombro deitar a cabeça para chorar, em que braços agarrar-se para rodopiar de alegria.

Sabe em quem acreditar, em quem veio para ficar, em quem passou como temporal de verão. Que muitas pessoas ainda virão. Sabe, que apesar de tudo que passou, a vida está mais rica. Em aprendizado, conhecimento, algumas dores, mas muito amor.

- É, a menina cresceu!!