Numa Pereira

Acreditava que este sonho caía das nuvens

Como uma gota minguada

Dentro do dilúvio desta senda

Minha ambição... era parca

Modesta para meus devaneios

Quando me enrolei em teus racimos

Me vi enleado na trama, querençoso

Pedindo à Afrodite que me lance feitiço perene

E que a colheita fosse generosa

Como a acolhida que teu peito me traz

Ao teu lado me sinto ímpar

Prévio à minha idade

Sublime aos acontecimentos

Resguardado às intempéries

Fixo nos cordões do traçado

Ao teu sorriso, dedico minha prosa

Pois, canastra congênere nunca vi

Misto de estância e anseio de aprendiz

Mato que cresce com critério

Motivo de intento do meu subsistir

Sei que a vida é efêmera

E a alegria tão pouco, uma fêmea

Ao te ter, sinto que tudo isso é embuste

Mais do que excentricidade do existir

Além da vontade de deter, talvez possuir

A mina desta fonte se faz virginal

Modesta como o desígnio de um vaqueiro

Rica como a reserva de um monarca

Multifária como as flores do cerrado

Cavernosas como as lágrimas de Borjomi

Para o que necessito, você me traz

Ao que me desespera, você me alenta

Tua nostalgia me sufoca, e me alimenta

Apesar do meu sofrer, tu me faz sorrir

Mão que toca, apesar de não sentir

Burlei minha índole ao te tranquilizar

Fiz-me fortaleza sem fundação

Dancei canção muda para te resguardar

Menti sobre a data do nosso momento

Te enganei no momento da nossa invenção

O que te faz notável

Somente a vida me mostrará

Talvez meu sacrifício enfadonho

Satisfaça meu humilde penar

Muda que cresce erma, porém robusta

Desenvolve-se para encontrar o brilho do teu olhar

Leonardo Pitanga
Enviado por Leonardo Pitanga em 10/12/2013
Reeditado em 16/12/2018
Código do texto: T4606738
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