Numa Pereira
Acreditava que este sonho caía das nuvens
Como uma gota minguada
Dentro do dilúvio desta senda
Minha ambição... era parca
Modesta para meus devaneios
Quando me enrolei em teus racimos
Me vi enleado na trama, querençoso
Pedindo à Afrodite que me lance feitiço perene
E que a colheita fosse generosa
Como a acolhida que teu peito me traz
Ao teu lado me sinto ímpar
Prévio à minha idade
Sublime aos acontecimentos
Resguardado às intempéries
Fixo nos cordões do traçado
Ao teu sorriso, dedico minha prosa
Pois, canastra congênere nunca vi
Misto de estância e anseio de aprendiz
Mato que cresce com critério
Motivo de intento do meu subsistir
Sei que a vida é efêmera
E a alegria tão pouco, uma fêmea
Ao te ter, sinto que tudo isso é embuste
Mais do que excentricidade do existir
Além da vontade de deter, talvez possuir
A mina desta fonte se faz virginal
Modesta como o desígnio de um vaqueiro
Rica como a reserva de um monarca
Multifária como as flores do cerrado
Cavernosas como as lágrimas de Borjomi
Para o que necessito, você me traz
Ao que me desespera, você me alenta
Tua nostalgia me sufoca, e me alimenta
Apesar do meu sofrer, tu me faz sorrir
Mão que toca, apesar de não sentir
Burlei minha índole ao te tranquilizar
Fiz-me fortaleza sem fundação
Dancei canção muda para te resguardar
Menti sobre a data do nosso momento
Te enganei no momento da nossa invenção
O que te faz notável
Somente a vida me mostrará
Talvez meu sacrifício enfadonho
Satisfaça meu humilde penar
Muda que cresce erma, porém robusta
Desenvolve-se para encontrar o brilho do teu olhar