O amor (ou AQUELE amor)

Sei que há tempos não doe.

Não machuca.

Não atiça, nem ouriça.

Não me causa arrepios ...

...ou frisson.

Não me leva mais a poesia, prosa e verso.

Não me queima os lábios, a carne,

nem me passas o inverso.

Não me apeteces,

Não me entristeces ou compadeces.

Tão pouco traz alegria ou se quer contentamento.

Me indago [as vezes] se arrependimento?

Mas hoje descobri.

Mais que isso: entendi.

Não morreu.

Adormeceu...

No meu lamento foi ficando fraco,

sem forças.

Na distância, perdeu-se de vista.

No meu cansaço, teve sono...

...e pediu cama.

Em uma boa cama, cobriu-se.

Se segredando em um sonho.

A qual um dia sonhei acordado.

Apaixonado e abreviado.

E ali está dormindo.

Hibernando.

Anestesiando.

Me fazendo, por fim, em frente seguir.

Eduardo Magalhães
Enviado por Eduardo Magalhães em 13/09/2013
Reeditado em 28/06/2017
Código do texto: T4479412
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