Desobessessão

Buscar inspiração onde já não existem flores,

no mato seco e queimado pelo frio intenso,

já não me era mais possível.

Explorar um passado que,

na verdade existiu só em mim,

era perder meu tempo, buscando nos pesadelos

um alívio para algo que inventei e inventaram,

colocaram-me no fundo do poço.

A estrada continua.

Eu me tenho e isso basta!

Renasci quando consegui voltar do sono e,

do ridículo de um ontem sem explicação,

colhi as melhores lições para presentear o hoje.

Sinto por mim, neste instante, um terno e infinito amor,

um sentimento que me esteve abandonado por longos cinco anos.

Redescobri-me em meio à bagunça que tomou esta minha vida.

Vi, então, minha luz brotar no peito,

clara, multicolorida, como já há muito não via.

Deus, obrigada,estou livre

da prisão que quase me custou a dádiva da vida.

E, de onde me encontro agora,

posso ver o que não via.

Posso me perdoar intensamente

a inocência de acreditar em sonhos,

de acreditar em pessoas

que não me foram dignas dos sorrisos

e das rosas que lhes dei.

Porque foi esse o meu crime.

E no egoísmo de acreditar e creditar-me, assim, feliz,

conheci a infelicidade de ferir e me ferir ainda mais.

Chegou ao fim, graças a Deus!

A dor me deixa como que arrancada

num milagre de tantas orações e intervenções...

Amigos visíveis e outros sensíveis,

num intento único e amoroso

de trazer novamente à luz

a luz que sempre esteve em mim.

Comigo, agora, a boa e velha alegria.

Em mim, a tranquilidade,

oceano calmo, amor verdadeiro,

incondicional e inconteste, sublimado em força interior;

vejo-me um pouco mais perto de Deus.

A densa energia que dividia comigo

o único corpo físico foi-se para nunca mais....

Não deixará nenhuma saudade,

apenas a compaixão

e o meu profundo e amoroso desejo

de que encontre, como eu, o seu caminho de luz.

Sol Galeano
Enviado por Sol Galeano em 23/08/2013
Código do texto: T4447718
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