Classe
Das aspirações burguesas nasce esse rebento
Eles, com um laço de arame liso tentam enredar
Para escalonar diferenças e suprimir desejos
Se faz assim nossa conduta fúnebre
Os cantos desse quarto todos já pisaram
A disposição dos objetos muda pouco
Ao adormecer, o sonâmbulo atesta se tudo continua ali
Mas se acomete ao acordar, seus sonhos desarranjaram o protótipo
Proletário ou camponês
Entregue-se para a armadura
Ou espere tua vez no xadrez
Atreva-se nesta aventura
Siga seus passos, segundo o juízo
Se não, dança conforme os estouros
Faz-se não proletarizado, popular
O Poder anda em questão
Muda teu ato, teu grito
Flâmula que abre luminosa
Mapa que se dobra no rito
Na conquista, uma sobra
Maçã podre na tropa
Ao controle, ao pueril
Tapa os olhos, já vem a força
Do poder que nos faz vil
Esqueça dos mares de noventa
Como os vermes no covil
Faz tua merenda, minta com pena
Como hiena, menospreze tua senda
Teu mote se cria
Novo, bruto, juvenil
Limbo delgado, porém lacônico
Este fruto é tardio
A justiça preconiza o que é neutro
Balança precisa que descamba
O lado, já sabemos
A operação, já subjugamos
Da preguiça à empáfia
Dos embasados aos fulanos
Os gritos para os que não escutam
A voz para teu pranto
Envergue, não mude
Mata tua sede com sal
Já que tua boca seca
E a fonte corre entre tuas mãos
O esforço de ser costumeiro
Coteja nossa fiel inspiração
Farejamos rastro de carniça
Âmago finado no manancial
Esfola minha derme
Mas não meu brado
Cala-me com argumentos
E não me aponte o lado